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Fidelidade

Vicente Celestino

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Estava sossegado no quarto em meu leito
lembrando os tristes dias de um sonho já desfeito
e eis que em furacão chegou aos meus ouvidos
lamentos de um cão em uivos e gemidos
Descubro onde está o pobre animal
Nas garras de um vizinho, de um homem bestial!
Protesto, grito, minto: Vizinho, o cão é meu!
Leve-o, diz-me o homem, mas prove que ele é teu!

E guarde-o, guarde-o bem, e crê que do contrário
em pedacinhos o faço, ladrão, cão ordinário
Um cão que vem roubar de um sábio a paciência
De um cão, que rouba e come, não tenho mais clemência!

Não querendo então passar por mentiroso
tentei levar o cão das garras do maldoso
Mas vejo com espanto que o animal protesta
correndo alegre para o sábio lhe fazendo festa

Eu disse então ao sábio: Repara que esse cão
é mais sábio do que tu e dá-te uma lição!
Quem sabe se não está, ó sábio não proteste
encarnada neste cão a alma de teu mestre
Não dê, ó grande sábio, pancada nesse cão
Tal qual esse animal já dei meu coração
Fui cão de uma mulher a quem julgava honesta
Tratou-me como um cão e eu lhe fazia festa!

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