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Mão ligeira

Pirisca Grecco

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Num bolicho costeando a estrada
A palidez do candieiro
Detrás do balcão, por trás do bigode
O sonho do bolicheiro
Na prateleira, garrafas perdidas
Entre teias de aranha e poeira

- Acorda Parceiro, me serve uma canha!!!
Me comoveu teu capricho,
Mas dispenso a teia de aranha
Não me agrada o instinto do bicho.
Aliviei a canseira naquele gole de pura
E vi uma estranha figura no meio da fumaceira

Virado em "zóio e cavêra"
A tosse curtida e a tremedeira
O baralho e a manha de quem tenteia
Como a tecer sua teia

Um desafio, e nós já se "atracamo"
Num truco cego "de mano"
Nunca vi mão mais ligeira
Que a mão do tal calaveira
No meio da fumaceira
Virado em "zóio e cavêra"

Era um mistério a maleza que eu tava
Nem "vinte pra Envido" ligava
Quem perde um vintém, perde tudo que tem
Não sei disparar de ninguém
Mas me parei desconfiado
De a sorte pender só pra um lado

As perdas passando da conta
Eu marquei o espadão numa ponta
Pra ver se pegava de jeito
As manhas do tal sujeito

Virado em "zóio e cavêra"
E a mão por demais de ligeira
No meio da fumaceira
A tosse curtida e a tremedeira

Justo na vaza mais feia
Que o "Às" marcado na orelha
Ficou no baralho me olhando
Eu tinha o "bastião", fui tenteando
Dei "vale quatro", ele não correu
Joguei o "bastião", ele matou,
Outro "Às". Fedeu!!!!

Chamei o corpo no Aço
Decepei-lhe o braço
E ele saiu feito louco
Gritando agarrado no toco

No meio da fumaceira
Num bolicho costeando a estrada
Ficaram dois Azes de espada
E a mão ligeira do calaveira

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