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Fulanos e Sicranos

Neto Fagundes

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Pensei que fosse um galope, um sonho de à trote acariciando de toda
Esta milonga sem rima que enrodilhada nas clinas rejeita tudo que dobra
Podia ser de à cavalo este entono de galo este manejo de freio
Este olhar de posseiro que amadrinhado nos tentos, estima o suor que lhe sobra

Pensei que fossemos cúmplices, múltiplos meigos mansos soltos vagos
Cabeça de gado potro e rodeio na leva dos arremates
Pensei que fossemos caça, várzea, rio cheio campo quebranto
Blanco, chimango peão e chibeiro, no aparte do buenas tardes

(Ai milonga, milonga buena
Ai milonga, milonga buena)

Podia haver mais um catre, uma rodada de mate uma noitada, um afeto
Um bem-me-quer descoberto uma qualquer novidade alheia à nossa vontade
Podia haver mais que terra, pouca miséria junta carreta
Soga, soiteira canga e arado, benfeitora e machado

Pensei que fôssemos fruto, suco, bagaço lenha, coivara
Verde e queimada na alienação das porteiras do mata-burro à estrada
Pensei que fôssemos bando, nômades músicos mouros e manos
Fulanos, sicranos sábios paisanos no despertar das manadas

Talvez me faça costado outra milonga ou gateado outra figueira, outra sombra
Outra paixão sem delongas outra carícia antiga, mimosa como a saudade
Talvez nem seja preciso, usar o mesmo alarido do quero-quero teatino
Do boitatá de mangueira prá afugentar as ovelhas, arrebanhadas pro gasto

Preciso acostumar meu dom a aperfeiçoar a voz fortalecer o rebanho
Ah que tolice a minha fazendo minha vidinha, encimesmado de abraços
Preciso amamentar a fome toda dos guachos regar a sede dos pastos
Dar pérola aos porcos fazer tudo o que gosto, prá dar porfia ao passo

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