Letras Web

Rincão da Corticeira

Juliano Gomes

15 acessos

A ponta de tropa mansa
Cruzando a taipa do açude
E a silhueta de um bugre
No serenal da barranca
Um poncho pátria na anca
Do bueno gateado estrela
E a solidão da baeta
Na estrada antiga da sanga.

Uma saudade desnuda
Vem assobiando as esporas
No papagaio das horas
Cutucando a lida inteira
De pronto troca a orelha
No passo, o pingo crioulo
Enquanto pito um de rolo
No rincão da corticeira.

Descanso a perna no estribo
E afrouxo o corpo no basto
E o campo consome o pasto
Na imensidão da fronteira.

Meu verso de alma campeira
Costeia o mundo sulino
Emquanto bufa um brasino
No corredor da porteira.

Um baio vem na culatra
E acoa junto da tropa
Que se negando na volta
Se empacou no aguaceiro
Um vento mancho pampeiro
Desquinado pelo couro
Topa o mugido de um touro
No garrão dos ovelheiros
Depois que encordoa o tranco
Sigo sovando pelego
Bem no compasso do tempo
Ruminando a novilhada
Pateando de cola chata
No partajão boiadeiro
Que desmamou os terneiros
Lá no fundão da invernada.

Segue o tinido da argola
No freio do meu gateado
E um semblante abarbarado
Vai repontando a boiada.

O pingo sorvendo aguada
Espicha o corpo pra frente
É o cerno da minha gente
Que encilhou de madrugada.

Top Letras de Juliano Gomes

  1. Pra Bailar de Cola Atada
  2. Domingueiro
  3. Sonho
  4. Tranco de Fronteira
  5. Baia Sebruna
  6. Sentimento
  7. Baile Gaúcho
  8. Um Chamamecito No Más
  9. Rodeio Das Entoradas
  10. Rincão da Corticeira