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Abstrato

Igor e a Matilha

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É noite meio assim, nem lá nem cá
Sem brisa na janela, sem brilho no luar
Eu tento me manter no presente
O amanhã invade e começa a bagunçar

Sabe como é, pinta um quadro mental
Abstrato, meio exato, da orquestra imperial
Tocando de trombeta, alaúde, oboé
A minha consciência não, não sabe o que quer

Hoje quero, amanhã não
Hoje eu quero amanhã, mas depois não
Hoje eu não quero nada, talvez nem amanhã
De certo quero a beleza das manhãs

Nasci no jogo mas não sou jogador
Me embaraço com esse papo de vida doutor
Como quem tudo quer e nada tem
Sente por hora que o momento basta e assim vai mais além

Se a troca não basta, de cara lavada
Eu peço mais um tempo pra entender
Nem toda tecnologia, invenção de cada dia
Pode nos compreender

A beleza, a beleza, a beleza das manhãs

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