Letras Web

Os Espinhos da Rosa

Fernando Tordo

10 acessos

A fome é a vida dos pobres e foi inventada
Por gente que nunca a roubou só porque a fome
É nada mas nós, que somos cientistas
Da nossa ignorância, lembramos os males do mundo
Esquecendo a ganância.
A fome é a raiva dos pobres e foi desenhada
Com lápis de sangue sugado aos de vida parada.
Mas nós, que somos heróis da nossa fraqueza,
Dizemos que o melhor ataque é sempre a defesa.

Se alguém pergunta quem foi
Que deixou tanta fome espalhada,
Aparece logo outro alguém a dizer que... afinal
Não foi nada!...
- e oferecemos cantigas, remorso a quanto obrigas...
Mais nada!

A fome tem só uma cor é negra de morte
À volta ninguém lhe resiste porque ela é mais forte.
Mas nós, piamente sentados na nossa indiferença,
Marcamos à última hora a nossa presença.

Se alguém pergunta quem foi
Que deixou tanta fome espalhada,
Aparece logo outro alguém a dizer que... afinal
Não foi nada!...
- e oferecemos cantigas, remorso a quanto obrigas...
Mais nada!

A fome tem gente por dentro a manobrar.
Tem séculos e séculos de vida passada a matar.
Se hoje a medalha é fraterna cantando-lhe o verso,
Só queria ver o que se esconde no próprio reverso.

Se alguém pergunta quem foi
Que explorou tanta gente humilhada,
Aparece logo outro alguém a dizer:
"não sabia de nada..."
- e oferecemos cantigas, remorso a quanto obrigas...
Mais nada!

A fome precisa de ter o final que merece,
Porque ela é aquilo que é, não o que parece.
Julgamos que a culpa se tapa com tapa-buraco,
Mandamos somente impotência metida num saco.

Se alguém pergunta quem foi
Que explorou tanta gente humilhada,
Aparece logo outro alguém a dizer:
"não sabia de nada..."
- e oferecemos cantigas, remorso a quanto obrigas...
Mais nada!

Top Letras de Fernando Tordo

  1. Os Cantores da Minha Terra
  2. A Invenção do Amor
  3. Chegou o Dia
  4. O Carteiro e o Pablo Neruda
  5. Bendita Música
  6. Lady Mimi
  7. Açores a Cores
  8. Cavalo à Solta
  9. A Gente Vai Tão Bem
  10. Doctor Freud (maquiavel)