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O navio dos cabeludos

Alcyr Guimarães

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Parte o navio dos cabeludos
Condenados, preocupados
Com o vento que é tão forte lá fora
O leme é tão pesado dos delitos cometidos
Distraídos, assumidos, esquecidos e embora
Tantos infratores, renegados, malfeitores
Marginais, incompetentes os tarados de agora
A nau dos viciados da escoria dos drogados
Não tem volta, não tem rota, não tem rumo nem hora
Onde a traição e a anarquia é repetida, consumida e dividida pelo vis tripulantes.
Quem será tragado e afogado pelo mar que ameaça exterminar a raça dos meliantes.
Como morrerão os inocentes a cumprir pesadas penas pelas falhas dos ilustres juízes.
Quem se ocupara de resgatar e no sétimo dia orar o breve réquiem dos infelizes
Há minha pele para salvar no medo que eu tenho do mar e esse temor que me destrói
São tantas milhas pra nadar
Tantos pecados pra pecar
Ninguém merece ser herói
herói
O comandante acorvadado é o primeiro a abandonar a sua nau nesse naufrágio iminente, salve rainha
Credo em cruz o Santa Barbara olhai vossos filhos penitentes, os tubarões a espreitar e desejar o sangue, víscera, Miolos e a carne da gente.
E os que não sabem nadar decerto irão se afogar
Chamando os poucos sobreviventes.
Quando a tormenta se acalmar nem é permitido contar quem foi bem aventurado.
Presidiários e vilões, os degradados e ladrões que foram por Deus resgatados.
Aqui se peca
aqui se paga
Se salva ou se naufraga na nata do sociedade
E nessa hora se conhece ou se finge que se esquece o que chamamos todos dignidade
Há minha pele para salvar no medo que eu tenho do mar e esse temor que me destrói
São tantas milhas pra nadar
Tantos pecados pra pecar
Ninguém merece ser herói
herói

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