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Ecos

Alcyr Guimarães

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Se as cores dessas penas porventura desconheces
Da malária e das febres com certeza
Nem padeces
Quando os rios viram furos e os botos
Se escondem
Eu pergunto onde estavas? E teus sons
Nem me respondem
Minha língua é tão cabocla e minha pele é mais curtida
Seu eu navego estirões e tu trafegas avenidas
Lamparinas, alguidares, montarias e "gaiolas"
Não recordam tua face nem aceitam tua esmola
Meu estranho amigo, juro que te entendo
Mas a minha tribo deixe que eu defendo
Vou remando em meu remaço pois eu vivo dessas águas
Inventando cantorias desta gente e dessas mágoas
Mergulhando com peixes que nadam em água rasa
E a madeira que eu mato está viva em minha casa
Minha sina é minha saga nesse canto que é forte
Tenho a voz desconhecida pra falar da própria sorte
Te pergunto onde andavas quando o mundo me esquecia
Se os palmos de minha cova são léguas de fantasia
Meu estranho amigo...
Essas matas se descobrem e eu me cubro dessas matas
Sou um fruto desta terra por herança ou por desgraça
Minha luta é por querência a tantas ribanceiras nuas
E as marés que me alagam certamente não são tuas
Meu estranho amigo...

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