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La Bohême

Paulo Sérgio

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O que vou recordar é do tempo que os jovens de hoje desconhecem
Montmartre de outrora, das salinhas de frente, era bem diferente
Invadiam janelas, as flores singelas dos ramos da rua
E para mim que pintava, quando eu te pedia tu posavas nua
La Bohême, La bohême
Tempo a passar, tempo a correr
La Bohême, La bohême
Vida feliz, feliz viver
Sem dinheiro, sem nada, sonhávamos ambos com dias de glória
Recordo o teu corpo que me fez um pintor, ciumento de amor
E é como se vejo nós dois a trocar pelo pão numa tela
No inverno sombrio, quê importava o frio se a vida era bela?
La Bohême, La bohême
É ramos loucos, jovens demais
La Bohême, La bohême
Tudo é saudade, nada mais
Se o acaso me leva de volta a rever meu antigo endereço
As paredes e ruas da minha mocidade, eu não mais reconheço
Hoje nada mais resta: nem flores nem festa na nossa alegria
E Montmartre parece, quando a noite desce, tão fria e vazia
La Bohême, La bohême
Pintando a vida, o amor chegou
La Bohême, La bohême
Vida boêmia que acabou

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