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Máquina Zero

Orlando Morais

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O exército da miséria agora se organizou
De braço a braço num abraço, gol
A rua é minha casa e me ensinou a ser quem sou
Roubando, minha mãe me da valor.

Sexo na calçada
Assalto a mão armada
Samba, cobertor e rock and roll
Hora da virada
Miséria condenada
Agora tudo ou nada
Que a fome acordou.

Pivete na moda máquina zero sim senhor
Ar de bando, bando de metro
Vejo gringo, falo inglês e às vezes, meto horror
Danço com a navalha e agogô.

Roubo a padaria
Gorjeta minha tia
Sou amigo do policial
Sai pancadaria
Beijo a rua fria
Vejo minha cara no jornal.

Por isso meus amigos de miséria deram as mãos
Pra discutir nossa situação
É que a miséria é fruto dá indústria da razão
Só tem cabeça, não tem coração.

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