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Calçou o sapato mas não deu nem o laço
Nem quis saber o que diziam na televisão
Algumas marcas de agulhas no braço
Lembrou da noite e de toda aquela sensação
Tomou café deixou a comida de lado
Enquanto digeria toda a desilusão
Pois certamente ele não tinha acertado
Na medida que entregou o seu coração
Ele só pensava nela
Saiu, bateu a porta passou a chave
E se trancou no mundo só pra se proteger
Uma expressão estranhamente suave
Tal qual alguém que nada mais tinha pra perder
Muitos olhares novos em cada esquina
Mas nenhum deles tinha o que ele queria encontrar
Não conseguiam ir além da retina
Pois invadindo a mente somente aquele olhar
Ele só pensava nela
E no que ele deixou acontecer
Ele so pensava nela
Precisava esquecer
Precisava chorar
Se desenlouquecer
E um predador urbano desumano apareceu
Tão pouca idade que tanta maldade não se viu
Mostrando os dentes lhe rosnou perdeu, perdeu
E ele sorriu
O transito ficou todo engarrafado
A mórbida curiosidade que as pessoas têm
Todos falavam ao mesmo tempo ao seu lado
Será que é bom, será que é ruim, será que tem alguém?
Olhou num rosto e disse com a voz bem fraca
Falou um nome e a multidão logo quis saber
Era só alguém lhe pondo na maca
Mas ele viu somente o que queria tanto ver
Ele só pensava nela
E no que ele deixou acontecer
Ele so pensava nela
Precisava esquecer
Precisava chorar
Se desenlouquecer