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Negro Realmente

João Prista

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Não existia perdão
Não existia perdão
Um rosto suado
Um olhar cansado
De um homem de cor
Na pele dor
Na pele dor das chicotadas
Nas mãos, os calos da enxada
Naquele engenho quente
Só recebia ordens
Negro raiz de nossa gente

São cem anos de abolição
Hoje, negro liberto
Talvez sim, talvez não
São cem anos de abolição
Talvez sim, talvez não

Negro discriminado
Negro realmente
Raiz de nossa gente

Não existia perdão
Não existia perdão
São cem anos de abolição
Talvez sim, talvez não
Raiz de nossa gente
Não existia perdão

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