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Rei Bobo Apaixonado

Gustavo Vargas

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Plebeu refém, alado, sorriu, me falou que estava à toa,
Salvo da proa, sem sequer ter vivido um grande amor.
Perdido assim, eu amante, governante que sou
Ofereci meu romance, calado, num conduto, o meu calor.
Entre a cruz e a espada, jogo o jogo, paixão parada
Crio essa história, numa esperança de luta e penhor,
Dupla estrada, inferno de segredos, cruzada de amor.

Eu me torno protetor, me prometo fervor,
Do plebeu, me torno seu senhor...
Coração: Feudo onde impera a dor.
Reúno muitas jóias, conto tantas histórias
Estendo a mão, falo de memórias,
Vivo de ilusão. E do sonho, espero vitórias.
Mas... Dum além, surge alguém,
Outro refém, que dizia ser, meu temor,
Seu humano, seu bem. Ar parado.
E eu, rei bobo apaixonado.

E o tal plebeu se dizia ser carente e sem paixão.
Noutra companhia, agora desfila,
Faz o rei bobo apaixonado, reinar sem noção

Por quase abandono ao trono,
Razão na paixão que ainda brilha,
Decreto esse amor sem dono,
Exilando em uma ilha.
Deixei de lado um reino que eu cuidaria e
Por colocar outro no meu lugar que eu reinaria,
Condeno à espera eterna esse amor antigo
Desabrigo, falseado numa máscara de amigo
Retorno à coroa, esquecendo o pedido
Do plebeu que agora, por si, se cria.
E eu, rei bobo apaixonado, quietinho, coroado
Pareço um cãozinho, mansinho, triste, de lado.

E o tal plebeu se dizia, ser carente e sem paixão
Noutra companhia, agora desfila,
Faz o rei, bobo apaixonado, reinar sem noção

E daí? Já não me interesso mais pelo que você pretendia.
De rei me tornei carrasco? Pentença? pediu o que não queria!
Um reino de amor se perdeu, porque doeu.
Plebeu não mais procurado. Executado, morreu!

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