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Carneada de Chão

Gerson Brandolt e Beto Villaverde

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A indiada se reúne lá pra bandas da picada, rédea e laço de piola na cintura a faca afiada.
A vaca gorda matreira quando pressente a sangria, dispara dando inicio ao gritedo e a correria.
Uns atiçam os cachorros, outros vão armando o laço, se não da casualidade a vaca leva um cansaço.
Vem na cincha dum matungo, sotreta lavada em suor, onde um erra a paulada e outro erra o sangrador.

A vaca numa tremura berra até cair no chão, cada um pega uma pata e todos de faca na mão.
Depois do couro riscado continua a carneação, parece um bando de corvo cada um da um beliscão.
A chaira quebra o silencio repetindo o mesmo choro, e a metade do mataimbre ficam pegado no couro.
O sol rachando de quente começa a junta um mosquedo, e a faca cortando pouco escapa e pega num dedo.

A canha corre na volta evitando a tremedeira e o couro todo furado fica piro que uma peneira.
Depois de corta um dedo pra completar a cagada, a faca escapa de ponta na direção da buchada.
A cabeça e as achuria são forma de pagamento, total se vivessem disso não tiravam pro sustento.
O esforço coletivo da carneada de chambão vira pecado a ser pago na próxima encarnação.

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