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Selva

Flávio Tris

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Os lábios repletos de selva
Os olhos despidos de raiva
Os corpos desnudos na cama
Dois bichos deitados na relva

Perigo entranhado na mata
Peito estrelado de agita
E grita a doutrina dos loucos
Dos roucos gemidos de amor

É quando a mulher se alvoroça
E veste um negro sutiã
Fingindo desgosto conclama
O que tira da bolsa uma blusa de lã

Afasta de mim teu cajado
Te esqueces que eu tenho valor
Amar desse jeito é pecado
Eu aqui te esconjuro em nome do pudor

Os lábios mordidos de sede
Os olhos cheios de vontade
Os corpos cheirando a desejo
Dois bichos tão pela metade

Perigo entranhado na mata
O peito estrelado se agita
E grita a doutrina dos loucos
Dos roucos gemidos de amor

É quando um rugir poderoso
Mistério que chamam de Deus
Descendo de baixo e dos lados
Desfere a palavra aos cristãos e ateus

Curvai, belas filhas da terra
Postai-vos de quatro sem dó
Que quando a mulher geme e berra de amor
Eu e ela viramos um só

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