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De Estrada, Tropa e Viola

Éder Goulart

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Marcha, marcha, bamo tropa! sou biriva e vou pra feira!
Na batida da viola canto a minha sina estradeira!

Rasgando a geografia na trilha do peabiru,
Trouxe muladas do sul a são paulo e minas gerais,
Sesteando nos campos gerais, da lapa até ponta grossa,
A distância não faz mossa no bailado dos trigais.
Nos cargueiros levo charque, feijão preto e rapadura,
E pra quando a coisa apura furo um mel no capão,
Uma quarta de pinhão, amora, uvaia e goiaba,
No rumo de sorocaba, "tenteando com as precisão".

Bota na estrada a mulada antes que o rio fique cheio
De mansinho a chuva veio, assim pra enganar a gente
Mas pode virar enchente, engolindo ribanceiras
Me diz a sina estradeira, xucro instinto do vivente
Tangendo a mulada xucra "bamo" domando na estrada
Cantando nas madrugadas, bailando nalguma vila
Pois a gente se perfila depois que vende na feira
Com um retrato na algibeira e na guaiaca uns pilas

Os tempos foram passando e mermaram as tropeadas,
Perderam-se as manadas, apagaram-se os carreiros,
Mas o meu peito tropeiro guarda um grito e ainda diz,
Parece que este país desgarrou sem madrinheiro.
Uma tropa sem madrinheiro, é bruaca sem serigola,
É um laço sem argola, é viver só de ilusão,
Por isso meu coração se descompassa também,
Se ouve ao longe o "delem" de um cincerro no rincão.

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