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Choro Suicida

Alexandre França

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Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois

Mais um poeta da dor se joga fora do bar
Onde a garoa cai guardando suas palavras
No piso de pedra do alto da glória para
Toda a boemia abraçada rir cantando

Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois

Esta doença de amor não tem remédio, porém
Em Curitiba no inverno os bares enchem mais
De gente fria esquentando com cachaça
Um desejo que no fundo só faz bem de mais

Eu mesmo largo mão de tanta hipocrisia
Dançando com as mocinhas da cidade que eu não dava valor
Em cada esquina mais um santo se agita
Ao ler a missa que dionísio saberia de cor

Na rua o tom de cinza tenta dar um clima
Avermelhado pro curitibano se despir do pudor
E a chuva deixa dentro um fogo um cataclista
Pulsando um outro sentimento que nos dá calor

É a polaca do batel deixando a boca sorrir
Falando alto, sem vergonha, pro comboio ouvir
Que o esporro vai continuar na sua casa
Outra casa cabisbaixa para farra enfeitar

Com cores novas
A fachada desbotada cheia de lambrequins
Um vinho campo largo
Pinta os dentes de um infeliz

Que agora fala pelos cotovelos que não doem tanto
Quanto antes numa época em que o amor doía como
Aneurisma ou pontadas na barriga, o amor era uma briga
Que batia um coração desajustado, tão cansado de sofrer
Por opção

Nem toda história de amor acaba em morte, mas
Em Curitiba estes números assustam, pois
Quando o inverno chega por aqui
Os suicidas de amor se multiplicam por dois

Mas toda noite do mundo que se preze também
Possui no fundo da gaveta um suicida bem do tipo
Que não liga tanto para a vida, mas
Que para morte nunca deu a mínima

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