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RAP legítimo

A286

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Sem emoção no bagulho, ai, aqui é nóiz tiozin
Favela? Sim! Gueto? Sim, RAP legitimo!
Fruto dos becos, eco dos pensamentos
Tenso dos fundão dos gueto, as invasão do centro
É desse jeito memo, distante dos flash,
Sem perfil pra celebre, ainda atendendo as expectativas dos moleques
Entre os click-clack, os back vai, aqui os verme cai, aqui os verme cai
É nóiz memo rapaiz
Sobrevivente da guerra, do morro, do esgoto
Do mofo, do lodo, dos loucos, dos porco
Sem socorro
Com alta capacidade, ó, de frente a tela ri
Disse por que sua instrução só foi o gibi da Magali
Porque não lê, não escreve, não fazem cálculos
Não sabem quem são sua localização no mapa geográfico
Analfabetos, oficialmente alfabetizado
Futuros soldados da nação? Não, dos morros, do estado
Guardiões de ponto de tráfico, usuários, presidiários
Baleados, finados, abandonados, descriminados, desempregados
Desesperançados, enfim, todos semelhantes a mim
O dono da tristeza no jardim das dores
Aonde sangue orvalha as flores das primavera sem cores
Ai, nasci no inferno e contrariei o lógico
E hoje eu vim pra ressuscitar os mortos

É A286 que ta no ar e nóiz não vai parar
Enquanto houver motivos, tiros, atentados, condenados
Injustiçados, inocentes condenados
É A286 que tá no ar e nóiz não vai parar
Tá de tiração, cuzão? Sente na pele
O efeito do esquecimento, a febre dos moleque

Confuso na escuridão, temendo os próprio sentimento
Cultivo minha depressão, refém da magoa no peito
Sorrisos traiçoeiros feito lama, e na fiadas, elogio são veneno
Tudo que seduz mata, maldade nunca descansa
e o pior inimigo é o excesso de confiança
Por trás de toda riqueza a uma injustiça
To armado sim, é que paz eu só vi no sorriso das minhas filhas
Sem alternativa em meios os demônios, penso:
Aonde há vida, não tolera medo
Foda-se seus conceito ético, certo não existe
O bom nem sempre é justo, mas o final é sempre triste
É tio, pra quem nasceu, foi a própria tragédia
Nunca vi minha vida numa novela
Um dia até o demônio gela, se os menor nada tem há perder
Onde os homens morrem antes de adoecer
Onde os pais enterram seus filhos, as orações foram inúteis
Pai de famílias bem louco em dias uteis
Mortos em corpos vivos, imploram, devotos da volta de Cristo
E é óbito. Queria acreditar que a morte trás o paraíso, a paz
Sem ter que me questionar: Deus sabe o que faz
O Deus que salva, previne, não deixa o fogo queimar
Quem até teve o livre arbítrio, mas não a opção de não chorar

É A286 que ta no ar e nóiz não vai parar
Enquanto houver motivos, tiros, atentados, condenados
Injustiçados, inocentes condenados
É A286 que tá no ar e nóiz não vai parar
Tá de tiração, cuzão? Sente na pele
O efeito do esquecimento, a febre dos moleque

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