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Porque Eu Fui Poeta

Vicente Celestino

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Não há dor que sangre mais
A devoção do coração
No negror da cruz que ingratidão
Toma a tua que não tem perdão
Eu te juro sem temor
Que tu não me tens amor
Não me tens amor, bem sei
Eu te juro e jurarei

Tu sorris por que razão
De mim sorris?
No jardim do coração infeliz
Um buquê das minhas lágrimas, fiz
Já te dei as rosas em que
A minh’alma achei
Se são flores lacrimosas
São as rosas d’almas
Que eu por ti chorei

O beijinho da traição
Eu dei em ti talvez cruel
Só porque cerraste o coração
Transformou-se em um jasmim de fel
Beijo dado sem amor
É o licor de mais travor
Sem perfume e sem valor
Beijo assim não tem odor

Se tu tens de me esquecer
Por que viver?
Diz, ordena como hei de morrer
E as vontades tuas hei de fazer
Mas um beijo com prazer
Tu tens de dar
Quero após o beijo dado
Nele sepultado e nunca mais beijar

Fui poeta sem querer
Só para te obedecer
Tu não tens, não tens temor de Deus
Pois sorris dos pobres versos meus
Vem um dia a compaixão
Desta genuflexão
Fui poeta sem querer
Fui e sou e hei de ser

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