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A noite morna é um vazio, tão frio,
O vento arrasta um estranho, lamento,
Parece um poço de sombra, a noite,
E eu na sombra caminho, tão lento,
Entretanto, a garoa, se amontoa,
Amaldiçoa o meu coração,
E nesta noite tão fria, vazia,
A mesma antiga saudade, me invade,
E por mais que queira odia-la,
Deseja-la e olvida-la eu a quero mais,
Garoa, ando triste pela rua,
Levo o coração ferido,
Soluçando inconformado,
Sofrendo, vendo, o anseio mais querido,
De repente destroçado,
Perdido, sou um fantasma pelas sombras,
E outra sombra procurando,
Garoa, tristeza,
Só me resta sofrer e chorar !
A noite é um charco de tédio e de frio,
Ninguém se arrisca a passar pela esquina,
Na rua escura vagando com o vento,
Só mesmo a chuva, tão fria e tão fina,
E a minh'alma que é um destroço,
Que eu carrego como posso,
Esperando o fim,
As gotas caem num charco, em minh'alma,
Na solidão se afogando, sem calma,
E aumentando o meu tormento,
Cai a chuva, sopra o vento,
Já não posso mais !...