Letras Web

Banhando

Rui Carlos Ávila

9 acessos

Outra vez a primavera, carrapateou o rebanho
E o compromisso me chama pra mais um dia de banho
Venho por riba do mouro e embaixo da mormaceira
Tocando o gado de cria na direção da mangueira

Vou aproveitar a função par dosar a terneirada
Leva um lote de ponta ao passo da encruzilhada
Se o gado não ganhar peso, já basta pra um contragosto
O patrão vai perder plata e eu, talvez, perca meu posto

Dê-lhe porta, João Edar, grita um índio lá da ponta
O resto fica por conta da peonada ovelheira
A rês se lança pra baixo, jorrando água pro céu
Em cada estouro lindaço, que por demais me fascina
E sai nadando de pronto, que já vem outra de cima

Ficaram couros goteando, sentando a polvadeira
Um vento morno na escolta, levando o que não chovera
O gado pampa de volta, com o cansaço na estampa
E a noite estendendo a armada no lombo verde da pampa

Meus olhos também se banham, mirando o passo do gado
Comando a tropa na estrada, mas sou por outro mandado
E o mouro firma o compasso, como se há tempos soubesse
Que o homem trata por bueno somente que lhe obedece.

Top Letras de Rui Carlos Ávila

  1. Ponteiro de Tropa
  2. Quem Traz No Olhar Uma Saudade
  3. No passo do burro morto
  4. Se O Amor Anda Distante
  5. Frente aos Olhos da Paixão
  6. Alma Costeira
  7. Gabriela
  8. Recado de um Domador
  9. Pausa Na Marcha
  10. Voltando Os Olhos Pra Chuva