Letras Web

Assombros

Rui Carlos Ávila

11 acessos

Há um silêncio espichado
Nos intervalos do vento
Que por certo encontra o medo
E para meio assombrado

O que a palavra não diz,
È o sentido dos cavalos,
E a noite chora os acasos
Nos braços daquela cruz.

Era uma tropa comprida,
Vinda lá das missões,
Conduzida pra charqueada
Entre sonhos e ilusões.

E o coração de um deles
Sentiu no negro do olhar,
Os trejeitos de um pontaço
Quando foi desencilhar.

A morena era o sossego
Pra quem sofreu de distâncias,
Prenúncios de água boa
Matando a sede das ânsias.

A notícia entrou na sala,
Do que vieram junto ao rio,
Madrugada que acordava
Prenunciando algum vazio

E tudo perdeu o sentido
De baixo de uma figueira
Ao tropeiro de olhos compridos
Tocou a gravata vermelha.

O caseiriu todo branco
E uma janela trancada,
A filha estancando o pranto,
Ficou pra sempre calada.

Quando a noite da charqueada
Tem sussurros de assombros,
Na frente da casa grande
Um figueirão perde o sono.

O tempo consome a história,
E as pedras do mangueirão,
Mas sempre à noite lá fora,
Tem cismas de assombração.

Top Letras de Rui Carlos Ávila

  1. Ponteiro de Tropa
  2. Quem Traz No Olhar Uma Saudade
  3. No passo do burro morto
  4. Se O Amor Anda Distante
  5. Frente aos Olhos da Paixão
  6. Alma Costeira
  7. Gabriela
  8. Recado de um Domador
  9. Pausa Na Marcha
  10. Voltando Os Olhos Pra Chuva