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Tetê

Éverton dos Andes

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Tetê só tinha treze anos quando perdeu a família
E veio morar na capital
Perdeu os pais por conta de um acidente
Um litro de aguardente que o pai bebeu

Foi acolhida pelo seu padrinho
Zé-de-Pinto-Linho, um conhecido de seu pai
E Pinto-Linho, como era conhecido
Se mudou com a menina para as Aurenis

E a garota nem sequer imaginava que destino lhe
Aguardava, e Pinto-Linho começou a lhe induzir
Ele dizia que ser moça é problema
No Leblon ou Ipanema nada disso tem valor

E a inocência da menina foi roubada
A virgindade sorteada num bingo a "la pornô"
Tetê não viu a cor da grana
Deitou-se na cama sem saber porquê

Foi deflorada sem nenhum carinho
E os dias se seguiram
Como há de ser...
Tetê, Tetê

Tetê já estava quase acostumada
Quando um belo dia a regra lhe faltou
E conversando com uma colega de serviço
Entendeu parte do ofício que o padrinho lhe ensinou

Tetê a partir desse momento
Entendeu seu sofrimento
Pois já tinha outra garota para ocupar o seu lugar
Agora estava na rua da amargura
Mas restava o padrinho que podia lhe ajudar

Tetê foi buscar o seu dinheiro
Que ganhara na penúria, garota de aluguel
Ficou surpresa ao retornar pra casa
Pinto-Linho, sem vergonha, tinha fugido pro Pará

Tetê ficou num mato sem cachorro
E foi rodar bolsinha em plena JK
E, pouco a pouco, a barriga cresceu
Seu filho nasceu sem ninguém notar
Agora vive na beira da estrada
Pedindo carona, quer ir pro Pará

Tetê...

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