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Fado do 112

Carlos do Carmo

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Sem capricho ou presunção
Nesta torre de papel
Deita sete olhares de mel
Em metade dum limão

Na noite mais traiçoeira
Ruim, medonha, brutal
Descontada a pasmaceira
Do inferno do normal

Se me vires a cara séria
Juiz togado ou em fralda
A julgar faltas á balda
Num tribunal multimédia

E tomado o pensamento
Por rombo, machado ou moca
Pega no laser da moda
Dou-te o meu assentimento

Se me vires por fraqueza
Por perfídia ou aflição
Mergulhado na tristeza
Com que se mói a razão

E servi-la á sobremesa
Das ceias da frustração
Assentado na baixeza
O programa da nação

Por favor, peço-te só
Não te demores, vem logo
Traz gasolina, põe fogo
Meu amor não tenhas dó

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